sábado, 30 de maio de 2015

Funções da Linguagem


Função Emotiva (ou Expressiva). Esta função ocorre quando se destaca o emissor. A mensagem centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um texto completamente subjetivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se pelo emprego da 1ª pessoa do singular, tanto das formas verbais, quanto dos pronomes. A presença de interjeições, pontuação com reticências e pontos de exclamação também evidenciam a função emotiva ou expressiva da linguagem. Os textos que expressam o estado de alma do locutor, ou seja, que exemplificam melhor essa função, são os textos líricos, as autobiografias, as memórias, a poesia lírica e as cartas de amor. Essa é a função emotiva.

Pelo amor de Deus, preciso encontrar algo, nem que sejam cinco reais!

Função Referencial (ou Denotativa). Referente é o objeto ou situação de que a mensagem trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem, buscando transmitir informações objetivas sobre ele.

“Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas coletivamente denominadas inflamação." Descrição da inflamação em um artigo científico.

Função Apelativa (ou Conotativa). É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito encontrada em propagandas. A mensagem é centrada no receptor e organiza-se de forma a influenciá-lo, ou chamar sua atenção, o contexto torna-se a parte mais importante da mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª pessoa do discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas verbais ou expressões no imperativo. Como essa função é a mais persuasiva de todas, aparece comumente nos textos publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e textos de autoajuda. Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no interlocutor, há um uso explícito de argumentos que fazem parte de seu universo. 

"Beba Coca-Cola"

"Vem pra caixa você também, vem!"

Função Fática. O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que dá suporte à mensagem. Ocorre quando o emissor tem a intenção de testar o canal. A Função Fática seria basicamente o dialogo, por exemplo: "Alô ?!", "Entenderam ?", Etc...É também a função empregada, quando no decorrer de uma conversa, emitimos sons: “ heim! “, “ hum-hum!”.

Função Poética. É aquela que se centra sobre a própria mensagem. Tudo o que, numa mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através do jogo de sua estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua sonoridade. Essa função é capaz de despertar no leitor o prazer estético e surpresa. É explorado na poesia e em textos publicitários. Exemplo: o poema de Carlos Drummond de Andrade "Quadrilha"

João amava Teresa que amava Raimundo 
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Função Metalinguística. Caracterizada pela preocupação com o código. Pode ser definida como a linguagem que fala da própria linguagem, ou seja, descreve o ato de falar ou escrever. A linguagem (o código) torna-se objeto de análise do próprio texto. Os dicionários e as gramáticas são repositórios de metalinguagem.

“Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.” Carlos Drummond de Andrade

Nesse poema, Drummond escreve um poema sobre como escrever poemas... Ou seja, a criação literária fala sobre si mesma. 

Em resumo, funções da linguagem é o conjunto de objetivos realizados pelos enunciados.

A mais conhecida divisão das funções da linguagem foi formulada por Roman Jakobson, num texto que tem como título Linguística e Poética. Trata-se de uma conferência, proferida em 1956, na qual o autor esboçava a comparação entre a linguagem quotidiana e a poesia. O texto desta conferência viria a ser publicado, pela primeira vez, com o título “Closing Statements: Linguistics and Poetics e posteriormente inserido no volume 1 dos Essais de Linguistique Générale”.

Cada função corresponde a um elemento do esquema da comunicação do mesmo autor.


EMISSOR
REFERENTE/CONTEXTO
RECEPTOR

CANAL DE COMUNICAÇÃO
MENSAGEM

CÓDIGO

A função dominante dentro dos processos da comunicação é a função referencial, baseada no contexto. Possibilita a transmissão de informações relevantes para os participantes do ato de comunicação. Realiza-se, principalmente, através da operação de denotação.
  • A função fática, baseada no contacto, serve para estabelecer ou manter laços entre o receptor e o emissor.
  • A função emotiva (também chamada expressiva) baseia-se no destinador e tem como objetivo apresentar a sua atitude ou estado emocional
  • A função apelativa (ou conotativa), orientada ao destinatário, serve para expressar enunciados persuasivos como a sugestão ou a ordem.
  • A função poética, baseada no comunicado em si, pretende criar uma realidade nova através dos valores estéticos do signo linguístico.
  • A função metalinguística serve como suporte para o próprio código. Possibilita a reflexividade, quer dizer, aporta informação ou tece comentários sobre o código em si.
Geralmente, as funções da linguagem interatuam de forma muito complexa. Em cada enunciado, além de uma função dominante, podem-se distinguir outras funções secundárias.

Bibliografia

http://www.infopedia.pt/
BRÉHIER, E. “La Théorie des Incorporels dans l’Ancien Stoïcisme”. Paris, Lib. Vrin, 1928;
DELEUZE, Gilles. Logique du Sens”. Paris, ed. de Minuit, 1966;
GODSCHMIT, Victor. “Le Système du Temps et l’Idée de Temps”. Paris, Lib. Vrin, 1985;
JAKOBSON, Roman. “Closing Statements: Linguistics and Poetics”, in T. A. Sebeok, ed., Style in Language, New York, 1960 (texto inserido em Roman Jakobson, Essais de Linguistique Générale, vol. 1, Paris, ed. de Minuit, 1963, reimpresso em 1986, páginas 209-248).