Função
Emotiva (ou Expressiva). Esta função ocorre quando se destaca o emissor.
A mensagem centra-se nas opiniões, sentimentos e emoções do emissor, sendo um
texto completamente subjetivo e pessoal. A ideia de destaque do locutor dá-se
pelo emprego da 1ª pessoa do singular, tanto das formas verbais, quanto dos
pronomes. A presença de interjeições, pontuação com reticências e pontos de
exclamação também evidenciam a função emotiva ou expressiva da linguagem. Os
textos que expressam o estado de alma do locutor, ou seja, que exemplificam
melhor essa função, são os textos líricos, as autobiografias, as memórias, a
poesia lírica e as cartas de amor. Essa é a função emotiva.
Pelo
amor de Deus, preciso encontrar algo, nem que sejam cinco reais!
Função
Referencial (ou Denotativa). Referente é o objeto ou situação de que a mensagem
trata. A função referencial privilegia justamente o referente da mensagem,
buscando transmitir informações objetivas sobre ele.
“Nos vertebrados, esta resposta inclui uma série de
alterações bioquímicas, fisiológicas e imunológicas coletivamente denominadas
inflamação." Descrição da inflamação em um artigo científico.
Função
Apelativa (ou Conotativa). É voltada para o leitor, tom imperativo, e muito
encontrada em propagandas. A mensagem é centrada no receptor e
organiza-se de forma a influenciá-lo, ou chamar sua atenção, o contexto
torna-se a parte mais importante da mensagem. Geralmente, usa-se a 2ª pessoa do
discurso (tu/você; vós/vocês), vocativos e formas verbais ou expressões no
imperativo. Como essa função é a mais persuasiva de todas, aparece comumente
nos textos publicitários, nos discursos políticos, horóscopos e textos de autoajuda.
Como a mensagem centra-se no outro, ou seja, no interlocutor, há um uso
explícito de argumentos que fazem parte de seu universo.
"Beba
Coca-Cola"
"Vem
pra caixa você também, vem!"
Função
Fática. O canal é posto em destaque, ou seja, o canal que
dá suporte à mensagem. Ocorre quando o emissor tem a intenção de testar o canal.
A Função Fática seria basicamente o dialogo, por exemplo:
"Alô ?!", "Entenderam ?", Etc...É também a função
empregada, quando no decorrer de uma conversa, emitimos sons: “ heim! “,
“ hum-hum!”.
Função
Poética. É aquela que se centra sobre a própria mensagem.
Tudo o que, numa mensagem, suplementa o sentimento da mensagem através do jogo
de sua estrutura, de sua tonalidade, de seu ritmo, de sua sonoridade. Essa
função é capaz de despertar no leitor o prazer estético e surpresa. É explorado
na poesia e em textos publicitários. Exemplo: o poema de Carlos Drummond
de Andrade "Quadrilha"
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Função
Metalinguística. Caracterizada pela preocupação com o código. Pode
ser definida como a linguagem que fala da própria linguagem, ou seja,
descreve o ato de falar ou escrever. A linguagem (o código) torna-se objeto de
análise do próprio texto. Os dicionários e as gramáticas são repositórios de
metalinguagem.
“Lutar com palavras é a luta mais vã. Entretanto lutamos mal rompe a manhã. São muitas, eu pouco. Algumas, tão fortes como o javali. Não me julgo louco. Se o fosse, teria poder de encantá-las. Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida. Deixam-se enlaçar, tontas à carícia e súbito fogem e não há ameaça e nem há sevícia que as traga de novo ao centro da praça.” Carlos Drummond de Andrade
Nesse
poema, Drummond escreve um poema sobre como escrever poemas... Ou seja, a
criação literária fala sobre si mesma.
Em resumo, funções da linguagem é o conjunto de objetivos realizados pelos
enunciados.
A mais conhecida divisão das
funções da linguagem foi formulada por Roman Jakobson,
num texto que tem como título Linguística e Poética. Trata-se de uma
conferência, proferida em 1956, na qual o autor esboçava a comparação entre a
linguagem quotidiana e a poesia. O texto desta conferência viria a ser
publicado, pela primeira vez, com o título “Closing
Statements: Linguistics and Poetics e posteriormente inserido no volume 1
dos “Essais de Linguistique Générale”.
Cada função corresponde a um elemento do esquema da
comunicação do mesmo autor.
EMISSOR
|
REFERENTE/CONTEXTO
|
RECEPTOR
|
CANAL DE COMUNICAÇÃO
|
||
MENSAGEM
|
||
CÓDIGO
|
A função dominante dentro dos processos da comunicação é a função referencial,
baseada no contexto. Possibilita a transmissão de informações relevantes para
os participantes do ato de comunicação. Realiza-se, principalmente, através da
operação de denotação.
- A função fática, baseada no contacto, serve para estabelecer ou manter laços entre o receptor e o emissor.
- A função emotiva (também chamada expressiva) baseia-se no destinador e tem como objetivo apresentar a sua atitude ou estado emocional
- A função apelativa (ou conotativa), orientada ao destinatário, serve para expressar enunciados persuasivos como a sugestão ou a ordem.
- A função poética, baseada no comunicado em si, pretende criar uma realidade nova através dos valores estéticos do signo linguístico.
- A função metalinguística serve como suporte para o próprio código. Possibilita a reflexividade, quer dizer, aporta informação ou tece comentários sobre o código em si.
Geralmente,
as funções da linguagem interatuam de forma muito complexa. Em cada enunciado,
além de uma função dominante, podem-se distinguir outras funções secundárias.
Bibliografia
http://www.infopedia.pt/
BRÉHIER, E. “La Théorie
des Incorporels dans l’Ancien Stoïcisme”. Paris, Lib. Vrin, 1928;
DELEUZE, Gilles. “Logique du Sens”. Paris, ed. de Minuit,
1966;
GODSCHMIT, Victor. “Le
Système du Temps et l’Idée de Temps”. Paris, Lib. Vrin, 1985;
JAKOBSON, Roman. “Closing Statements: Linguistics and Poetics”,
in T. A. Sebeok, ed., Style in Language, New York, 1960 (texto inserido
em Roman Jakobson, Essais de Linguistique Générale, vol. 1, Paris, ed.
de Minuit, 1963, reimpresso em 1986, páginas 209-248).